04/12/2017 - Por: G1

Software pode ajudar produtores agrícolas com planejamento estratégico (Foto: UFU/ Divulgação)

Pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) desenvolveram, após mais de uma década de estudos, um software que prevê, com margem de acerto de 98%, as reações de vegetais diante de mudanças climáticas.

Objetivo do programa de informática é preservar espécies silvestres ameaçadas dos diversos biomas e também ser aplicado no planejamento da produção agrícola.

O trabalho, orientado pelo biólogo Kleber Del Claro, docente do Instituto de Biologia (Inbio), teve início em 2005. Nesse ano, a bióloga Helena Maura Silingardi, também professora do Inbio, passou a analisar seis espécies de vegetais de uma mesma família, a Malpighiacea, protegidas na reserva ambiental particular do clube Caça e Pesca, em Uberlândia.

Helena conta que pesquisou em parceria com a bióloga Andrea Andrade, mês a mês, a fenologia, ou seja, os eventos repetitivos desses arbustos: o tempo de lançamento das folhas, dos botões, das flores e dos frutos. A pesquisa prosseguiu até 2015.

A sincronia das espécies, de floração sequencial - quando cada espécie floresce após a outra - foi analisada em paralelo à variação da temperatura ambiente e ao regime de chuvas. Outra observação realizada foi a interação dessas plantas com os animais herbívoros e os responsáveis pela polinização.

Helena explica que os estudos mostraram que os vegetais são os primeiros a responder às mudanças climáticas atualmente.

“A partir do momento que as plantas respondem alterando a sua produção de folhas, frutos e sementes, vai haver uma alteração na vida dos animais que estão ligados a essas plantas”, explicou a bióloga.

Desenvolvimento do software
Após os resultados dos estudos, os pesquisadores se uniram com alunos do Programa de Pós-graduação da Engenharia Mecânica para desenvolver o software para prever as consequências das alterações nos vegetais.

O engenheiro Vergílio Del Claro, do Laboratório de Mecânica de Estruturas, criou o software aplicando técnicas voltadas para o estudo de vibrações, um fenômeno também cíclico.

Ele utilizou os dados sobre a fenologia levantados nos mais de dez anos de pesquisas e conseguiu prever a produtividade daquelas plantas a partir das entradas climáticas, principalmente variação da temperatura e regime de chuvas. As estimativas do software tiveram acerto de 98%.

"Estamos em desenvolvimento com o software e em busca de parcerias com grupos de pesquisa. A expectativa é que esse programa seja colocado no mercado no próximo ano. Para um produtor agrícola, por exemplo, essa criação é de grande ajuda, pois consegue fazer a previsão de quanto a lavoura produz dependendo de qual tipo de semente vai usar. Isso permite a criação de planejamento estratégico perspicaz", finalizou.