19/07/2017 - Por: G1

Eletrodos disparam correntes elétricas de baixa intensidade na cabeça do paciente para tratar obesidade (Foto: Marcelo Moraes/EPTV)

A secretária Michele Fávaro dos Santos conta que já fez vários tipos de dietas, tratamentos médicos, atividades físicas e até acompanhamento psicológico para perder peso, mas nunca conseguiu. Aos 36 anos, ela aposta em uma nova técnica, ainda em fase de estudo na USP em Ribeirão Preto (SP), para conseguir vencer a obesidade de uma vez por todas.

O procedimento, inédito no Brasil, mas já testado em dez países, consiste em disparar correntes elétricas de baixa intensidade na cabeça do paciente, por meio de eletrodos, para estimular a região do cérebro responsável pelo controle da fome.

“Sabe aquela luz no fim do túnel? Eu coloquei uma meta para mim que essa seria a minha luz no fim do túnel. Elas vão conseguir me ajudar, essa é a minha esperança. E a receptividade das pesquisadoras, o carinho que elas têm, passa uma coisa positiva para a gente”, diz Michele.

Ao todo, 36 mulheres com idade entre 24 e 40 anos, e índice de massa corporal entre 30 e 35 – que é considerado obesidade –, participam da pesquisa. As voluntárias vão passar por dez sessões de estímulos elétricos e depois receber uma dieta desenvolvida pela equipe da USP.

“Após duas semanas de estimulação cerebral associada à dieta hipocalórica, elas voltam para casa, seguem a dieta e nós acompanhamos por seis meses, para saber a perda de peso, as escolhas alimentares que elas fazem”, explica a nutricionista Priscila Giacomo Fassini.

A pesquisadora destaca que a mudança do estilo de vida ainda é a terapia mais recomendada para tratar a obesidade e que a estimulação cerebral é indicada a pessoas que não conseguem perder peso, mesmo depois de muitas tentativas.

“Na verdade, o que a gente busca é que ela tenha um melhor autocontrole. A técnica visa diminuir o desejo por alimentos e melhorar o controle do apetite e, com isso, selecionar melhor os alimentos que elas vão ingerir”, afirma.

Os testes estão sendo realizados em parceria com a Universidade Tufts e a Escola de Medicina de Harvard, ambas nos Estados Unidos. Os primeiros resultados apontam que voluntários norte-americanos conseguiram perder 1% do peso por semana com a nova técnica.

Voluntária da pesquisa, a analista administrativa Viviane Fornari, de 33 anos, já realizou as primeiras sessões e garante que o procedimento não dói. O objetivo dela é perder 15 quilos e chegar ao peso que tinha quando casou, há cinco anos.

“Não sente nada, fica ali paradinha, tranquila. Nunca fiz nenhuma dieta, então essa é a minha esperança e eu vou conseguir”, diz.