26/01/2017 - Por: Carla Cardoso / SECOM

Fiocruz descarta possibilidade de alerta em Macaé de febre amarela

Desde 2015, a região serrana de Macaé e o Parque Atalaia vêm servindo de base de pesquisa de doutorado sobre a febre amarela silvestre para a Fiocruz. A tese vem sendo produzida pelo pesquisador Filipe Abreu e analisa o risco da reemergência da doença. O pesquisador esteve em Macaé e em outros municípios do Rio para investigação nas áreas de matas. O trabalho ainda está sendo concluído, mas já foi identificado que especificamente no município não foi encontrado sinal da doença. Doutorando em Biologia Parasitária, o foco da pesquisa de Filipe é o mosquito, no caso, os gêneros Haemagogus e Sabethes, vetores da febre amarela silvestre. Já o vetor da febre amarela urbana é o Aedes aegypti.

- A gente pesquisa as espécies de mosquito e os tipos de primata que vivem nas matas do Rio. Os macacos são hospedeiros e um sentinela da doença para nós. Quando há mortes de primatas, é preciso identificar para que as pessoas daquela região sejam vacinadas. Isso é o que chamamos de epizootia. Quando eles morrem primeiro, isso é um indicativo de que pode ocorrer febre amarela na região. No Rio, a gente queria fazer um levantamento dos tipos de mosquito, macacos, condição das mata, relevo, temperatura, para ver se tem risco e de onde seria essa entrada - explicou o doutorando.

Em Macaé, o pesquisador intensificou seu trabalho de campo na região serrana, mais especificamente no distrito do Sana e no Parque Municipal Atalaia, locais onde a mata atlântica apresenta bom estado de conservação.

FEBRE AMARELA
Segundo explica a Fiocruz, a febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por vetores. As primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso. A maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização permanente contra a febre amarela.

A infecção acontece quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela ou tomado a vacina contra ela circula em áreas florestais e é picada por um mosquito infectado. Ao contrair a doença, a pessoa pode se tornar fonte de infecção para o Aedes no meio urbano. Além do homem, a infecção pelo vírus também pode acometer outros vertebrados. Os macacos podem desenvolver a febre amarela silvestre de forma inaparente, mas ter a quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos. Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra.

Como a transmissão urbana da febre amarela só é possível através da picada de mosquitos Aedes aegypti, a prevenção da doença deve ser feita evitando sua disseminação. Os mosquitos criam-se na água e proliferam-se dentro dos domicílios e suas adjacências. Qualquer recipiente como caixas d'água, latas e pneus contendo água limpa são ambientes ideais para que a fêmea do mosquito ponha seus ovos, de onde nascerão larvas que, após desenvolverem-se na água, se tornarão novos mosquitos. Portanto, deve-se evitar o acúmulo de água parada em recipientes destampados.