28/10/2016 - Por: Portal Brasil / Agência Saúde

O teste rápido de zika começa a ser distribuído no país em novembro (Foto: Juliana Almirante/G1)

O Ministério da Saúde anunciou na última terça-feira (25), a compra de 3,5 milhões de testes rápidos para identificar o zika vírus. Está prevista a distribuição de dois milhões de kits até o final deste ano, e o restante será compartilhado até fevereiro de 2017.

A tecnologia confirma, em 20 minutos, se o paciente está ou já foi infectado pelo zika vírus em algum momento da vida. Ou seja, com a tecnologia, será possível identificar o vírus no organismo, independentemente do tempo de infecção.


A produção do insumo será realizada pelo laboratório público Bahiafarma. Atualmente, o teste ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS) é o PCR (biologia molecular), que só detecta a doença durante no período de viremia, quando o vírus está presente na corrente sanguínea.

Ao todo, foram investidos R$ 119 milhões para a aquisição dos testes sorológicos, com projeção para garantir o abastecimento da rede por um ano. A negociação com a Bahiafarma permitiu a compra no valor unitário de R$ 34, quase quatro vezes menor que o valor proposto por outra empresa do mercado, de R$ 131,75 por teste.

O teste será realizado em pessoas que tiverem sintomas da doença e com indicação médica, sendo que as gestantes e crianças terão preferência. “Além de ser rápido, este é o primeiro teste de zika que permite a detecção pregressa da infecção pelo vírus. Isso é muito importante para cuidar da população que mais precisa, por isso a prioridade são as gestantes e as crianças”, enfatizou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

Teste
O diagnóstico produzido pela Bahiafarma é composto por duas tiras portáteis em que são depositadas as amostras de soro dos pacientes a serem analisadas. A primeira tira vai identificar infecções recentes, de até duas semanas, anteriores à realização do exame. A segunda vai identificar se a pessoa foi infectada há mais tempo, tudo isso em 20 minutos.

Com essa maior agilidade no resultado, o tratamento pode ser iniciado imediatamente, tornando-se mais eficaz, já que o contágio pode ser confirmado assim que surgem os sintomas da doença. “Os parâmetros obtidos pelo teste da Bahiafarma na Anvisa e no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde foram acima de 90%. Isso assegura a qualidade do teste que traz um diagnóstico mais complexo, já que é possível detectar tanto a infecção imediata quanto a passada”, explicou Ronaldo Dias, presidente da Bahiafarma.

Ações permanentes
A aquisição do teste rápido faz parte da estratégia permanente do Ministério da Saúde de enfrentamento ao Aedes aegypti e chega antes do verão, período de maior circulação do vetor e, consequentemente, das doenças transmitidas por ele, como zika, dengue e chikungunya.

Os recursos federais destinados à Vigilância em Saúde, Piso Fixo de Vigilância em Saúde (PFVS), para a transferência aos estados, municípios e Distrito Federal que incluem as ações de combate ao Aedes aegypti cresceram 39% nos últimos anos (2010-2015), passando de R$ 924,1 milhões para R$ 1,29 bilhão em 2015.

Balanço
O Brasil registrou, até 17 de setembro, 200.465 casos prováveis de zika, o que representa uma taxa de incidência de 98,1 casos a cada 100 mil habitantes. Foram confirmados laboratorialmente, em 2016, três óbitos por zika no País. Em relação às gestantes, foram registrados 16.473 casos prováveis.

A transmissão autóctone do vírus foi confirmada a partir de abril de 2015, com a confirmação laboratorial no município de Camaçari (BA). O Ministério da Saúde tornou compulsória a notificação dos casos de zika em fevereiro deste ano. Desde então, estados e municípios vinham preparando seus sistemas de registros para encaminhar estas notificações ao Ministério da Saúde. Antes disso, o monitoramento do vírus era realizado por meio de vigilância sentinela.