09/06/2016 - Por: Portal Brasil
A incidência da doença varia entre um e sete casos para cada cem mil habitantes no período
Um artigo publicado por um grupo de cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na última semana, comprova com evidências que não há necessidade de adiamento ou cancelamento da Olimpíada ou da Paralimpíada no Brasil.
O documento ressalta que, ao analisar os riscos de infecção de turistas durante o evento, é preciso considerar diversos fatores, entre eles a sazonalidade das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, que tem baixa incidência no mês de agosto.
A incidência da dengue no Rio de Janeiro, por exemplo, varia entre um e sete casos para cada cem mil habitantes neste período. Para avaliar o risco de transmissão do zika vírus durante a Olimpíada, os pesquisadores consideraram o histórico de casos de dengue desde 2010. O mesmo comportamento deve ocorrer com o zika, uma vez que a doença é transmitida pelo mesmo vetor.
De acordo com o texto elaborado pelos especialistas brasileiros, a capacidade de transmissão dessas doenças fica fortemente reduzida quando a temperatura mínima fica abaixo de 22ºC a 24ºC. No Rio de Janeiro, o mês de agosto tem a temperatura mínima média de 19ºC a 26ºC. “Por causa dessa baixa capacidade vetorial, as doenças transmitidas por vetores apresentam risco mínimo de transmissão durante o inverno”, afirmam os cientistas. A expectativa é que o Brasil receba de 350 mil a 500 mil turistas durante o evento. De acordo com estimativa calculada por estudos matemáticos, devem ocorrer quatro casos de dengue entre essas pessoas, com a margem de erro variando entre um e 36.
Outra evidência apresentada no artigo é de que a transmissão do zika já atinge mais de 60 países. Além disso, o Estado do Rio de Janeiro recebeu mais de um milhão de turistas em fevereiro, durante o carnaval, quando a circulação do vírus encontrava-se no auge.
No documento, os pesquisadores ressaltam ainda que as gestantes devem evitar viajar para regiões com transmissão do zika, conforme preconizado pela OMS. Para o público geral que irá visitar o Rio de Janeiro, as recomendações são as mesmas já divulgadas pelo governo brasileiro e pela OMS: utilizar medidas de proteção individual, como o uso de repelentes, além do uso de preservativo para evitar a transmissão sexual do vírus. “O melhor curso de ação não é adiar os Jogos ou incentivar os estrangeiros a não participar, mas sim informar a população sobre medidas de proteção individual, concluem os pesquisadores.”
O artigo foi publicado na revista "Memórias", criada em 1909 e considerada um dos mais importantes periódicos científicos da América Latina, e vem como uma resposta à carta aberta de pesquisadores internacionais encaminhada recentemente à Organização Mundial da Saúde (OMS) e que pede o adiamento dos Jogos Olímpicos.
Ações
O Brasil está tomando todas as providências para que os Jogos Olímpicos sejam realizados de forma tranquila. Por isso, acompanha com segurança a reunião de especialistas convocada pela OMS (Organização Mundial de Saúde). O encontro permitirá reforçar a transparência sobre a discussão da realização dos jogos no País e esclarecer qualquer dúvida sobre o evento e a situação do zika vírus para que a Olimpíada e a Paralimpíada sejam realizadas no País.
Neste ano, o Ministério da Saúde já acompanha uma nítida queda antecipada do comportamento dessas doenças, resultado da mobilização nacional contra o Aedes aegypti. Elas continuarão sendo monitoradas e acompanhadas em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e OMS.
Confira o artigo completo aqui.