24/02/2016 - Por: G1 / Infográfico: Jornal Hoje

Na síndrome de Guillain-Barré, anticorpos paralisam os músculos do corpo

O número de casos da síndrome de Guillain-Barré está aumentando no Brasil. A doença, que pode comprometer o sistema nervoso, pode estar relacionada ao vírus da zika e não escolhe idade nem sexo. O país teve cinco casos novos por dia no ano passado, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A síndrome apresentou maior crescimento em Alagoas. Em 2015, dos 50 casos atendidos na Santa Casa de Maceió, 41 apresentaram sintomas do zika vírus. Este ano, em dez casos, os pacientes apresentaram os mesmos sintomas.

Acomedido pela síndrome de Guillain-Barré e após permanecer durante seis dias na UTI de um hospital em Maceió, um menino de cinco anos termina de se recuperar no quarto. Fora do risco de morte, porém, ainda não consegue movimentar os braços e pernas. Segundo a tia do menino, “ninguém podia tocar nele, porque sentia muitas dores nos ossos. Só mexia a cabeça”.

Os médicos explicam que a síndrome de Guillain-Barré pode acontecer após o paciente sofrer uma infecção como o vírus da zika, dengue, chikungunya e também citomegalovírus ou HIV. O organismo produz anticorpos para combater a infecção, porém estes mesmos passam a atacar as bainhas de mielinas, membranas que protegem as células nervosas. Com as mielinas atingidas, o paciente começa a perder o controle de funções como a locomoção.

A síndrome afeta o sistema nervoso e pode provocar fraqueza muscular e paralisia, geralmente temporária, dos braços e das pernas. Os músculos da face também podem ser afetados e, em casos mais graves, a respiração, o que faz com que o paciente precise ser tratado em unidades de terapia intensiva.

“É uma fatalidade, não escolhe idade, nem sexo. Qualquer pessoa que é acomedido por uma virose dessas, até uma gripe pode apresentar a síndrome depois”, explica o hematologista Wellington Galvão.

A OMS divulgou um relatório sobre os casos da síndrome de Guillain-Barré no Brasil. Neste levantamento, a OMS chama atenção para quatro estados onde o aumento foi superior a 100%: Alagoas, Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte.

A situação em Alagoas é considerada a mais grave: o aumento foi de 516%. “Nós já tínhamos muitos casos com a dengue. Antigamente, eu tinha quatro, cinco casos por ano. Com a dengue, eu tinha de 12 a 15 casos por ano e com o zika agora eu cheguei a 50 casos no ano passado. No entanto, os pacientes que tiveram o zika, as formas, normalmente, foram formas mais graves”, relata o hematologista.

Nesses 50 casos em 2015, não houve mortes em Alagoas. O hematologista afirma que os pacientes do estado estão respondendo bem, com plena recuperação, usando uma terapia chamada plasmaferese: “A plasmaferese consiste em a gente separar o sangue do paciente e retirar esses anticorpos que o paciente fez para combater a virose que ele teve. Aí, o paciente passa a se recuperar e entra com o tratamento de fisioterapia”.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que o médico é o profissional responsável por indicar o melhor tratamento para o paciente. Ainda de acordo com o Ministério, a imunoglobulina é o medicamento recomendado para todos os casos moderados e graves, logo depois do aparecimento dos sintomas.