04/08/2015 - Por: Fundacentro

De acordo com os idealizadores, havia uma demanda da sociedade em alerta com o número de adoecimentos e mortes dos trabalhadores em exposição contínua ao calor

O software Sobrecarga Térmica, desenvolvido entre 2009 a 2011 pelos engenheiros Paulo Alves Maia e Álvaro César Ruas da Fundacentro em Campinas, monitora mensalmente cerca de 12 mil trabalhadores do campo. De acordo com os engenheiros, quanto às estatísticas de uso do software, 700 pessoas, entre técnicos, engenheiros, médicos do trabalho e juízes, estimam mensalmente o Índice de Bulbo Úmido-Termômetro de Globo (IBUTG) para avaliar a sobrecarga dos trabalhadores.

A céu aberto, a maioria dos trabalhadores precisa utilizar vestimentas, que cobrem quase todo o corpo, o que dificulta a perda de calor. A combinação dessas condições pode levar os trabalhadores à sobrecarga térmica e provocar câimbras, fadiga severa e repentina, náuseas, vertigens, perda da consciência e, eventualmente, à morte.


Inédito no Brasil, o desenvolvimento do software constitui-se de relevada importância para garantir o trabalho seguro e saudável no campo e em áreas urbanas abertas fornecendo às empresas responsáveis uma ferramenta gratuita de gestão para monitorarem as condições térmicas de seus funcionários, evitando o adoecimento dos trabalhadores e as perdas econômicas decorrentes destes infortúnios.

Ambientes quentes e demasiado esforço físico causam desequilíbrio térmico do corpo, alterando a temperatura interna, possibilitando o aparecimento das doenças do calor. Dados do DIEESE de 2013 mostram que mais de 15 milhões de trabalhadores podem ser monitorados somente na área rural.

Neste sistema de monitoramento, os usuários podem obter os seguintes dados: valor do IBUTG estimado de hora em hora, a taxa metabólica média dos trabalhadores, informações sobre as medidas de prevenção e controle, entre elas, o critério de trabalho/descanso.

Desenvolvido com tecnologia avançada, o software possui fórmulas e equações matemáticas que utilizam dados provenientes das estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET (parceiro da Fundacentro), o qual transfere os dados do seu servidor em Brasília para o servidor da Fundacentro em São Paulo. O próximo passo de desenvolvimento do software será a criação de versões para os sistemas operacionais Android, Apple IOS e Windows Phone, permitindo o acesso por meio de dispositivos móveis.

Neste mesmo sentido, a Fundacentro acaba de finalizar a elaboração da Norma Técnica que subsidiará a melhor caracterização de insalubridade devido à exposição ao calor nos trabalhos a céu aberto. Contudo, ressalta-se que o software “sobrecarga térmica” não deve ser usado para a caracterização de insalubridade, pois o Anexo 3 da NR 15 estabelece que, para esse fim, o valor do IBUTG tem que ser calculado por meio de medidas realizadas com termômetros específicos no local onde permanece o trabalhador.