06/02/2015 - Por: Fundacentro
Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho
O câncer relacionado ao trabalho, ou câncer ocupacional, ganha destaque em Diretriz publicada pelo INCA do Ministério da Saúde que mostra passo a passo, a relação entre a atividade laboral e o câncer desenvolvido, os tipos de câncer que possuem relação com a exposição ocupacional e os direitos dos portadores de câncer relacionado ao trabalho.
A intenção da Diretriz apresentada é de oferecer subsídios aos profissionais de saúde, por meio de orientações técnicas e epidemiológicas que possam enfatizar a necessidade de levantamento de histórico do trabalhador, levando-se em consideração aspectos pessoais e profissionais.
Organizada em 10 capítulos, a Diretriz aborda desde o conceito de câncer, sua relação com o trabalho, a exposição ocupacional, os tipos de câncer, políticas publicas, vigilância dos trabalhadores expostos, estudos epidemiológicos, entre outros.
A química e pesquisadora da Fundacentro, Arline Sydneia Abel Arcuri participou na elaboração da classificação dos agentes ou das substâncias (página 40), no capítulo 9, que trata da vigilância a partir da exposição nos ambientes de trabalho, no Anexo 2, sobre os principais cancerígenos presentes em ambientes de trabalho. No Anexo 7, desenvolvido pela pesquisadora, há um roteiro de inspeção disponível sobre uso de segurança química nos ambientes de trabalho que pode auxiliar gestores no reconhecimento das substâncias e na avaliação dos riscos.
Arcuri coloca que a obra é de grande relevância ao tratar o câncer ocupacional. “A identificação e reconhecimento do risco é o ponto mais difícil encontrado pelas empresas e o livro pode auxiliar no estabelecimento da anamnese ocupacional”, destaca.
Um dos agentes cancerígenos estudados pela pesquisadora é o benzeno, usado como intermediário na produção de plásticos, resinas, borrachas, tintas, detergentes, pesticidas, fumaça de cigarro, entre outros, e causador de leucemia aguda em trabalhadores.
Arline conta que há 30 anos, os trabalhadores morriam de aplasia de medula, que é quando o organismo para de produzir hemácias, plaquetas e leucócitos, em função da alta concentração de benzeno no sangue.
Para ela, as mudanças positivas vieram com o Acordo do Benzeno, promovendo a atuação da CIPA para acompanhar as condições de trabalho, bem como, melhorar o ambiente de trabalho evitando o vazamento do cancerigeno. Contudo, a pesquisadora ressalta a importância da atuação dos sindicatos em priorizar a saúde do trabalhador e não somente atuar nas questões salariais.
Participaram na elaboração do “Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho”, pesquisadores do INCA, UNIFESP, UFMG, Faculdade de Saúde Pública (USP), UFBA, Fundação Oswaldo Cruz, Divisão de Vigilância em Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado de Saúde do Rio Grande do Sul e o Centro de Pesquisas Oncológicas e Secretaria de Saúde de Florianópolis, com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde/OMS.