23/10/2014 - Por: Nivaldo Coelho / Agência Saúde

O Ministério da Saúde propõe a incorporação de novos medicamentos para o tratamento de pacientes com Hepatite C. A decisão é resultado do consenso de especialistas, que avaliaram os medicamentos Sofosbuvir, Daclatasvir e Simeprevir. As evidências científicas apontam que os novos medicamentos apresentam um percentual maior de cura, tempo reduzido de tratamento (12 semanas) e a vantagem do uso oral. A aprovação definitiva para o uso no SUS, no entanto, dependerá da avaliação pela CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) e da finalização do processo de registro pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O país será um dos primeiros a adotar essa nova tecnologia na rede pública de saúde.

Por solicitação do Ministério da Saúde, a ANVISA está priorizando a análise do registro de dois deles, o Sofosbuvir e o Daclatasvir. O terceiro, o Simperevir, já está em processo de análise pela agência. O Ministério da Saúde solicita prioridade quando o medicamento apresenta interesse estratégico para o SUS, por se tratar de tecnologia inovadora que proporciona benefícios aos pacientes. Paralelamente a esse processo, os medicamentos também estão sendo analisados pela CONITEC. Para que seja incorporado, os medicamentos devem obedecer às regras da comissão, que garantem a proteção do cidadão quanto ao uso e eficácia do medicamento, por meio da comprovação da evidência clínica consolidada e o custo-efetividade dos produtos. Depois de registrados na ANVISA e concluída a aprovação pela CONITEC, a  estimativa é que os novos medicamentos beneficiem cerca de 60 mil pacientes do SUS, nos próximos dois anos.

A Hepatite C é causada pelo vírus C (HCV). A transmissão se dá, dentre outras formas, por meio de  transfusão de sangue, compartilhamento de material para uso de drogas, objetos de higiene pessoal como lâminas de barbear e depilar, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam na confecção de tatuagem e colocação de piercings. Estima-se que até 3% da população mundial pode ter tido infecção por esse vírus, o que corresponde a 185 milhões de pessoas. No Brasil, a prevalência do vírus na população é em torno de 1,4% a 1,7%, principalmente entre os maiores de 45 anos. Vale ressaltar que as medidas de proteção, que hoje são adotadas para transfusões de sangue e uso de injeções, não existiam nas décadas anteriores aos anos 1990.