26/04/2016 - Por: Ana Menezes / SECOM
Foto: Rui Porto Filho / SECOM
Como forma de promover a conscientização no Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial (26), os profissionais da rede municipal de saúde alertam a população sobre as consequências da doença. O objetivo é diminuir os indicadores de morbimortalidade, estatística de pessoas que sofreram complicações causadas pela pressão alta, como infarto, Insuficiência Renal Crônica (IRC) e Acidente Vascular Encefálico (EVE), conhecido popularmente como derrame, que são doenças do aparelho circulatório.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, baseado na população de Macaé, de 234 mil habitantes, a estimativa de pacientes hipertensos do Sistema Unificado de Saúde (SUS), é que para este ano, 2016, cerca de 46 mil e 800 habitantes possuam a doença. O Programa de Doenças Crônicas não Transmissíveis, da Vigilância em Saúde do município, é responsável pelo tratamento e prevenção da hipertensão. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), cerca de 50% dos hipertensos ainda não foram diagnosticados, pois, além da doença ser silenciosa, requer uma maior conscientização em realizar o check up médico anual.
- O Ministério da Saúde cobra dos municípios o trabalho de informar e prevenir a população sobre os perigos da pressão alta. Antes a doença era mais frequente nos mais velhos, hoje, não tem idade, nem sexo, de crianças a idosos, todos precisam ficar em alerta. A atual faixa etária de risco da hipertensão é dos 30 aos 59 anos. Resultado de um maior estresse diário, pois, a rotina corrida e intensa de trabalho ocasiona maus hábitos alimentares e muitos justificam não terem tempo de ir ao médico. É primordial que as pessoas se preocupem e busquem o diagnóstico e o tratamento o mais rápido possível - ressalta a coordenadora do Programa das Doenças Crônicas não Transmissíveis, Rossana Espinoza.
Atualmente o Centro de Saúde Jorge Caldas registra 5 mil e 700 pacientes em tratamento de hipertensão, já as 30 Unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF) atendem mais 8 mil e 500 hipertensos. Além desses locais, o acompanhamento médico também é realizado no Centro de Especialidades Moacir Santos (Barracão) e nas sete Unidades Básicas de Saúde (UBS).
"O maior problema de saúde pública dos países desenvolvidos e em desenvolvimento é a hipertensão arterial. Com isso geram maiores gastos no seu tratamento e controle". Essas são palavras do médico cardiologista da rede municipal de Saúde e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Lécio Patrocínio, que faz um alerta especial para quem não procura atendimento médico e não realiza exames periódicos.
- A hipertensão é a doença que mais mata, pois ocasiona uma séria de complicações, podendo causar dez vezes mais mortes que a Aids. É necessário que as campanhas governamentais de comunicação alertem e invistam nessa conscientização -, ressalta o cardiologista, acrescentando que "a dificuldade de adesão do tratamento é muito comum, muitas pessoas não levam as orientações médicas a sério e até deixam de tomar o remédio por conta própria".
Segundo o médico, Macaé tem um ponto positivo no tratamento de hipertensão, pois fornece medicamentos gratuitos para todos os pacientes do SUS.
O cardiologista lembra que os alvos da hipertensão são: coração, rins, artérias e cérebro. E que 95% das pessoas hipertensas não sentem nada, e isso é o que mais preocupa. "Em uma Unidade de Tratamento Intensiva (UTI), se existir 10 leitos, seis deles serão por complicações oriundas de pressão alta. E isso gera um problema econômico, pois as vítimas da doença, na fase adulta, muitas das vezes ficam impossibilitadas de trabalhar, após um acidente cardiovascular", afirma o médico, que atende às segundas-feiras no Centro de Saúde Jorge Caldas, e às sextas-feiras, na Casa do Idoso.
Pacientes que realizam tratamento conseguem controlar a doença
Depois de passar mal em seu trabalho com fortes dores na nuca e dormência nos braços, Vanda Lúcia Celestina da Silva, de 58 anos, procurou atendimento no Hospital Público de Macaé (HPM). Vanda é faixa-preta e professora de Karatê, e conta que perdeu três irmãos e a mãe com infarto, vítimas da hipertensão. "Apesar de fazer caminhadas, ter uma vida ativa e ter uma alimentação saudável, tenho na família casos fatais da doença. Da genética não temos como fugir. Acabei descobrindo recentemente, no dia primeiro deste mês, fui atendida na emergência e encaminhada para o tratamento no Jorge Caldas. Agora é seguir as orientações e tomar o medicamento de forma correta para viver bem", afirma Vanda, 58 anos, em seu primeiro dia de consulta com Lécio Patrocínio, nesta segunda-feira (25).
Joelsa de Souza Nogueira tem 54 anos e foi diagnosticada com hipertensão quando sentia leves dores de cabeça e resolveu ir até o módulo do ESF do Lagomar. Após detectar pressão alta, e ser atendida com medidas paliativas, foi encaminhada para o tratamento continuado. "Faço o acompanhamento com o cardiologista e além de controlar a pressão tomando o remédio duas vezes ao dia, mudei minha rotina alimentar. Cortei sal, gordura, frituras e temperos prontos", comentou a cozinheira, que também mudou o modo de preparo dos alimentos no emprego.
Alimentação saudável é a grande aliada
A nutricionista da Semusa, Simone Barreto Souza, atende cerca de 20 pacientes por dia, às segundas-feiras, no Centro de Saúde Jorge Caldas eorienta a sociedade sobre os maus hábitos alimentares, uma das principais causas da hipertensão. "As pessoas costumam comer embutidos, como salsicha e linguiça, enlatados e congelados. Alimentos vilões da saúde. Muitos pacientes novos, como crianças e jovens já sofrem de pressão alta, pois são os que mais consomem biscoitos, refrigerantes, lanches calóricos entre temperos muito salgados. É preciso atenção ao perigo da má rotina alimentar", adverte.
Segundo ela, o melhor combate é a prevenção. "Utilizar temperos de hortas e evitar molhos e temperos industrializados, como tabletes e/ou saches, é fundamental. Incluir peixes no cardápio, diminuir a cafeína e controlar o peso corporal são as dicas nutricionais. Hambúrguer, pizza e almôndegas, por exemplo, são bem mais saudáveis e saborosos quando feitos em casa. A dica é triturar o frango e/ou carne moída, sempre poupando o excesso de sal", afirmou.
A especialista ainda pontua o perigo do macarrão instantâneo. "Alimentos preparados de forma rápida são bombas pro nosso organismo. O macarrão instantâneo, mesmo cru, está frito, e o sache de tempero que o acompanha chega a ser perto do limite diário de sal recomendado", salientou a nutricionista, acrescentando que a presença de frutas, legumes e verduras, principalmente da cor verde, ajuda a manter o organismo funcionando corretamente.
Ela ressalta a necessidade de hábitos mais saudáveis. "É preciso que as pessoas criem o hábito de sentir o gosto do alimento, principalmente a salada, é possível preparar temperos com cebola, azeite, iogurte natural e substituir o excesso de sal nas refeições de forma saborosa", orienta a nutricionista.