05/02/2016 - Por: Mariana Lenharo (G1) / Foto: Camilla Carvalho (Instituto Butantan)
Vacina contra dengue entrou em última fase de pesquisa
Além de trabalhar em uma vacina contra o zika vírus, anunciada no mês passado, o Instituto Butantan também desenvolve um soro anti-zika a longo prazo, para ser usado em grávidas diagnosticadas com o vírus. O diretor da instituição, Dr. Jorge Kalil, acredita que o desenvolvimento do soro possa ser mais rápido que o da vacina. A diferença entre ambos é que, enquanto a vacina estimula o organismo a desenvolver anticorpos contra o vírus, o soro tem a função de neutralizar o vírus já presente no organismo infectado, com os anticorpos já prontos para atacar.
Kalil observa que o modo de desenvolvimento do soro anti-zika deve ser parecido com o que se usa para produzir o soro contra raiva. “Primeiro é preciso cultivar o vírus em células e inativar esse vírus. Depois, ele é usado para imunizar um cavalo, como se estivesse fazendo uma vacina no animal, que passa a produzir anticorpos contra o vírus. Em seguida, pego o plasma do sangue do cavalo com os anticorpos, trago para a fábrica e purifico para selecionar só aqueles específicos contra o vírus.”
Vacinas contra zika e dengue
A primeira etapa para o desenvolvimento da vacina contra o zika já foi iniciada, segundo Kalil. “Os passos iniciais são isolar o vírus, colocá-lo em cultura, sequenciar, ver se ele cresce bem, são passos laboratoriais.”
Quanto à última etapa de testes da vacina contra dengue, que foi autorizada pela Anvisa em dezembro, as aplicações em voluntários devem começar ainda em fevereiro.
“Quando esta etapa foi aprovada pela Anvisa, tivemos que refazer os lotes de vacina, porque estavam perdendo a validade. Já contratamos os diferentes serviços que serão necessários e os testes devem começar logo. Temos um grande número de voluntários inscritos, principalmente em São Paulo e por enquanto eles já são suficientes”, diz Kalil.
Anticorpos monoclonais e contratações
Outra linha de pesquisa que o instituto pretende iniciar em breve é o desenvolvimento de anticorpos monoclonais contra zika que, segundo ele, poderão ser usados tanto no tratamento quanto no diagnóstico do vírus.
Para dar conta de todos esses projetos paralelos de pesquisa envolvendo o zika e a dengue, o Instituto Butantan deve contratar novos pesquisadores. “Temos que contratar mais gente de uma forma rápida porque não temos gente suficiente para fazer tudo.”