14/09/2015 - Por: Estadão
Em correspondência interna enviada a todos os empregados da Petrobras, a direção da empresa encaminhou proposta de acordo coletivo para o período 2015 a 2017. No documento, a estatal abre espaço para que os funcionários da área administrativa passem a trabalhar 30 horas semanais, em vez das atuais 40 horas. A adesão seria voluntária, mas acarretaria em corte de 25% nos ganhos mensais e nos pagamentos por férias e décimo terceiro.
Para sair do papel, o acordo coletivo, divulgado internamente na última quinta-feira (10), ainda depende de negociação com a Federação Única dos Petroleiros (FUP). Além de propor redução salarial e das horas trabalhadas nos escritórios, a petroleira quer impor também nas unidades operacionais, plataformas e refinarias, a carga de trabalho reduzida de dez para oito horas diárias (áreas que operam em sistema de turnos, sem interrupção). Para esse grupo de funcionários, a Petrobras não dá liberdade de escolha, como nos escritórios. A redução seria imposta para todos os empregados.
No final do mês passado, o presidente da empresa, Aldemir Bendine, que assumiu com a missão de reestruturar o caixa, já havia anunciado que promoveria um corte de "gastos operacionais gerenciáveis".
Até 2019, devem ser cortados benefícios que somam US$ 12 bilhões. Na prática, a petroleira vai suspender direitos até então garantidos aos seus trabalhadores - 80,9 mil funcionários próprios e cerca de 200 mil terceirizados. Em resposta, a Petrobras informou que "está aberta ao diálogo para as negociações sobre o acordo".
Para o representante dos funcionários no conselho de administração da estatal, Deyvid Bacelar, a retirada de benefícios e direitos dos trabalhadores é um retrocesso na companhia. "Isso é gasolina que a companhia jogou sobre a categoria, agora basta ascender um fósforo" declarou.