18/03/2015 - Por: Portal Brasil

Medicamentos e terapia atuam para evitar extremos do Transtorno Afetivo Bipolar

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem buscado cada vez mais ampliar o atendimento para quem sofre de Transtorno Afetivo Bipolar (TAB).

Os pacientes, que já contam com atendimento gratuito de psiquiatras e psicólogos, também vão ter ao seu dispor uma linha completa de tratamento para a doença. Neste mês, o SUS incorporou os medicamentos Clozapina, Lamotrigina, Olanzapina, Quetiapina e Risperidona ao tratamento.

O Ministério da Saúde estima que até 2 milhões de pessoas apresentam transtornos bipolares, desde formas leves, até problemas mais graves. Por acometer adultos jovens e por se tratar de doença crônica de longa evolução, que prejudica os aspectos familiar, social e profissional dos doentes, o tratamento é muito importante para garantir a qualidade de vida das pessoas, das famílias e da sociedade.

Para o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) do SUS e os novos medicamentos disponíveis gratuitamente se complementam. “As equipes de psiquiatras e psicólogos podem orientar a família sobre os cuidados e podem receitar o medicamento. Medicamento que, sozinho, não cura, mas evita que as pessoas tenham essas crises que interferem na vida”, afirma.

Orientação quanto ao uso

O Ministério da Saúde também elaborou o primeiro Protocolo Clinico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT). O material tem como objetivo orientar os médicos sobre a utilização dos novos medicamentos e em quais casos eles são mais afetivos.

“Esse protocolo vai orientar os médicos no SUS a prescreverem os medicamentos combinados de acordo com o quadro clínico do paciente, com o objetivo de conseguir o melhor resultado possível no tratamento do transtorno bipolar. Além das pessoas terem acesso aos medicamentos de maneira facilitada, os pacientes passam a contar com um protocolo padrão feito com base em evidências científicas disponíveis e consultando especialistas de forma a ter uma padronização do tratamento desse transtorno”, explica o secretário Jarbas Barbosa.

O transtorno

Estima-se que os pacientes diagnosticados com transtorno bipolar podem desenvolver mais de 10 episódios de mania (euforia extrema) e de depressão durante toda a vida.

A duração das crises e dos intervalos entre elas, em geral, se estabiliza após a quarta ou quinta crise. Frequentemente, o intervalo entre os primeiro e segundo episódios pode durar cinco anos ou mais, embora 50% dos pacientes possam apresentar outra crise maníaca dois anos após sua crise inicial.

Para o psiquiatra Raphael Boechat Barros, a pessoa deve buscar atendimento quando começa a ter muito prejuízo em sua vida social com atitudes ligadas à depressão, como o isolamento, apatia, perda do prazer e também em fases de mania, uma espécie de euforia exacerbada. Nesse caso, existem fases de gastos exagerados, condutas inadequadas e envolvimento em atividades de risco.

O especialista ainda comenta sobre um dos principais empecilhos da doença: o preconceito. “O preconceito tem diminuído com algumas campanhas que são feitas, mas muitas pessoas ainda tem receio de buscar ajuda psiquiátrica num geral”, disse.