17/05/2016 - Por: Portal ANAMT

Drª. Elizabeth Dias (foto) apresentou conferência na abertura do evento

A programação científica do 16º Congresso Nacional ANAMT foi iniciada na manhã desta segunda-feira (16) e abordou temas como saberes e competências para o exercício da Medicina do Trabalho, desafios para os cuidados da saúde dos trabalhadores e dos profissionais de saúde e aspectos éticos e bioéticos para a especialidade.

A assessora da Presidência para Formação dos Médicos do Trabalho, Drª Elizabeth Dias, apresentou a conferência temática “Saberes e competências necessários para o cuidado da saúde dos trabalhadores na atualidade, sob uma perspectiva de Medicina do Trabalho”, na qual falou sobre o trabalho de revisão e atualização realizado pela ANAMT ao longo da atual gestão (2013-2016).

Ela exaltou a complexidade do exercício da especialidade diante do contexto de grandes transformações no mundo do trabalho e seus impactos na qualidade de vida e na saúde dos trabalhadores: “É indiscutivelmente uma ação complexa, marcada por incertezas. O cenário é marcado pela precarização do trabalho e nossa atuação é perpassada por inúmeros dilemas éticos”.

A especialista chamou a atenção para a realidade cada vez mais distante do cenário de prática de Medicina do Trabalho, englobando as grandes e médias empresas. Segundo ela, devido ao incentivo do governo ao empreendedorismo, cada vez mais o maior número de trabalhadores está distribuído nas pequenas e microempresas. Ela também destacou a forte presença do trabalho remoto e do trabalho virtual – cenários de multiplicidade que exigem atenção dos Médicos do Trabalho.

Cuidando de quem cuida
Os profissionais lideram o ranking de acidentes de trabalho no Brasil – são mais de 65 mil ocorrências por ano. Com foco neste problema, foi realizado o painel “Cuidando de quem cuida”, moderado pelo Prof. René Mendes, diretor de Relações Internacionais da ANAMT, e com participação dos especialistas Roseli de Oliveira, Marcelo Pustiglione, Rafael Torres e Alfonso Cristaudo, médico italiano que expôs o panorama local deste cenário.

Ele atentou para a importância do uso dos EPIs e falou sobre a recente introdução do uso de dispositivos de proteção de agulhas na Itália, que tem alcançado resultados muito positivos. Segundo ele, 11% dos profissionais de saúde têm limitação ou inaptidão ao trabalho devido a acidentes ou doenças ocupacionais, grande parte relacionada à movimentação manual de cargas e pacientes. Entre profissionais com idade mais avançada, o índice limitação sobre para 31%, dado preocupante devido à tendência do envelhecimento da mão de obra.

Outros riscos para a saúde destes profissionais são os biológicos, devido à falta de cuidado com o descarte de material, e estresse.