04/08/2021 - Por: G1 - Globo.com EU ATLETA

Quanto mais cedo um câncer é descoberto, maiores as chances de cura na grande maioria dos tipos da doença. O diagnóstico precoce é tão importante para minimizar os riscos de agravamento e morte pela doença quanto medidas de prevenção para evitar que ela se estabeleça. Por isso, os médicos oncologistas Maira Caleffi e Raphael Brandão recomendam uma série de novos hábitos que podem ser adquiridos ou deixados de lado na luta contra o câncer.

- Uma alimentação saudável e balanceada, rica em vegetais e fibras, é fundamental para oferecer ao organismo os nutrientes necessários para manter suas funções em equilíbrio. Já a prática de exercícios físicos auxilia na diminuição da quantidade de gordura corporal, evitando o sedentarismo, problemas cardiovasculares e a obesidade - explica Maira Caleffi, presidente voluntária da FEMAMA (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento e líder do Comitê Executivo do City Cancer Challenge Porto Alegre.

Maira também ressaltou a importância da regulamentação da Lei dos 30 dias, que estabelece que os exames necessários para a confirmação do diagnóstico de câncer sejam realizados no SUS no prazo máximo de 30 dias.

- É urgente enfrentarmos o câncer de forma ágil e precoce, precisamos olhar para a doença com compromisso e responsabilidade para avançarmos na redução dos índices de mortalidade por câncer no Brasil. Se cada um fizer a sua parte, com certeza conquistaremos um diagnóstico ágil e adequado para pacientes oncológicos - completa.

Embora muitos estudos ao longo dos anos tenham analisado como diferentes alimentos influenciam o risco de câncer, o World Cancer Research Fund e o Instituto Americano para o Câncer (WCRF / AIC) compilaram todas essas informações em um guia que é atualizado regularmente. A atualização de 2018, chamada "Dieta, Nutrição, Atividade Física e Câncer: Uma Perspectiva Global", analisa os estudos mais recentes que examinam as associações entre alimentos e câncer e faz recomendações sobre o que comer para uma boa saúde.

Segundo Raphael Brandão, Diretor Nacional da Oncologia do UnitedHealth Group/Americas Serviços Médicos e chefe da Oncologia do Hospitais Samaritano e Paulistano, a pesquisa revela que as pessoas cujas dietas estavam mais alinhadas com as recomendações da WCRF / AIC eram as menos propensas a contrair câncer, tendo um risco de câncer 12% menor do que todos.

Fatores de risco modificáveis para o câncer

    1. Manter dieta e nutrição balanceadas


As recomendações da WCRF / AIC refletem de perto o que os especialistas em nutrição vêm dizendo há anos, incluindo que indivíduo deve seguir uma dieta equilibrada e variada que inclua alimentos minimamente processados. As diretrizes da WCRF / AIC citam alimentos específicos que estão associados ao menor risco de câncer como: Frutas, vegetais e grãos integrais (como trigo integral, centeio, milho, cevada e aveia). Estudos descobriram fortes evidências de que a ingestão regular desses alimentos ajuda a prevenir o câncer colorretal e o câncer do trato respiratório e digestivo. Além de reduzir o risco de câncer, esses alimentos também podem diminuir o risco de doenças crônicas e ajudar a manter seu peso sob controle. Alimentos com potencial antioxidante e compostos fitoquímicos, como boa parte das frutas.

2. Praticar atividades físicas regularmente

A atividade física regular não apenas ajuda a reduzir o excesso de gordura corporal e os riscos de câncer associados, mas também pode reduzir os riscos de desenvolver câncer de cólon, mama e endométrio. A recomendação é de pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física de intensidade moderada ou 75 a 150 minutos de atividade física vigorosa por semana.
   
 3. Não fumar

O cigarro contém pelo menos 80 substâncias diferentes causadoras de câncer (agentes cancerígenos). Quando a fumaça é inalada, os produtos químicos entram nos pulmões, passam para a corrente sanguínea e são transportados por todo o corpo. É por isso que fumar ou mascar tabaco não apenas causa câncer de pulmão e boca, mas também está relacionado a muitos outros tipos de câncer. Quanto mais uma pessoa fuma, mais jovem começa e quanto mais continua fumando, aumenta ainda mais o risco de câncer. Atualmente, o uso do tabaco é responsável por cerca de 22% das mortes por câncer. 

  4. Manter o peso ideal para o seu biotipo

  5. Evitar o excesso de consumo de carne vermelha e processada


Carnes vermelhas e processadas. A carne vermelha inclui todos os tipos de carne bovina, vitela, porco, cordeiro e cabra, entre outros. Carnes processadas são aquelas salgadas, curadas, fermentadas ou defumadas, como salame, bacon, salsicha ou cachorro-quente. A evidência é muito forte de que evitar carne vermelha e carnes processadas pode ajudar a reduzir o risco de câncer colorretal. A incidência desse câncer cresceu nos últimos 10 anos, principalmente entre os americanos de 30 e 40 anos. Por que isso ocorreu não está claro, mas a epidemia da obesidade desempenhou um papel importante - alertou Brandão. Para reduzir o risco de câncer colorretal, o WCRF / AIC recomenda que, se você comer carne vermelha, tente ficar com três porções ou menos por semana e evite carne processada sempre que possível.

    6. Não consumir bebidas alcoólicas em excesso

A evidência de que todos os tipos de bebidas alcoólicas são a causa de vários tipos de câncer agora é mais forte do que nunca. O álcool pode aumentar o risco de seis tipos de câncer, incluindo intestino (colorretal), mama, boca, faringe e laringe (boca e garganta), esôfago, fígado e estômago. O excesso de álcool, portanto, pode ter um forte impacto no surgimento do câncer.

    7. Evitar fast food, alimentos altamente processados e bebidas açucaradas

    8. Riscos no local de trabalho:

Algumas pessoas correm o risco de serem expostas a alguma substância causadora de câncer por causa do trabalho que realizam. Por exemplo, verificou-se que trabalhadores da indústria de corantes químicos apresentam uma incidência mais alta que o normal de câncer de bexiga. O amianto é uma causa bem conhecida de câncer no local de trabalho, particularmente um câncer chamado mesotelioma, que mais comumente afeta a os pulmões. Isso nem sempre é algo que depende da pessoa, já que a empresa em que se trabalha é que precisa tomar providências pela segurança dos funcionários.

    9. Manter a vacinação em dia

Os agentes infecciosos são responsáveis por cerca de 2,2 milhões de mortes por câncer anualmente. Isso não significa que esses cânceres possam ser pegos como uma infecção. Mas alguns vírus pode causar alterações nas células que as tornam mais propensas a se tornarem cancerosas. Cerca de 70% dos cânceres do colo do útero são causados por infecções pelo papilomavírus humano (HPV), enquanto o câncer de fígado e o linfoma não-Hodgkin podem ser causados pelos vírus da hepatite B e C, e os linfomas estão ligados ao Epstein-Barr vírus. Tratar corretamente doenças causadas por vírus e bactérias pode, portanto, prevenir o câncer. No caso do HPV e da hepatite B, já há vacinas importantes disponíveis, que podem ser consideradas uma vacinação contra o câncer.

    10. Fazer exames médicos regulares

A realização de exames médicos regulares é fundamental. A médica Maira Caleffi ressalta o esforço de cada um na corrida contra o câncer, seja mudando hábitos ou influenciando positivamente as pessoas ao seu redor, de forma a contribuir para a redução de fatores de risco para a doença no longo prazo. Fazer exames como mamografia e preventivo com papanicolau, visitar o urologista, fazer colonoscopia, tomografia de tórax e ir ao dermatologista são algumas das estratégias utilizadas pela medicina moderna que busca a detecção precoce do câncer.

    11. Usar cremes com proteção solar


A exposição solar contínua e cumulativa é a principal causa do câncer de pele, pois a radiação provoca um defeito no DNA da célula da pele. Por isso é fundamental a proteção desde a infância e adolescência.

3 fatores de risco não modificáveis

  1. Idade - Muitos tipos de câncer se tornam mais prevalentes com a idade. Quanto mais as pessoas vivem, maior a exposição a agentes cancerígenos e maior o tempo para que alterações ou mutações genéticas ocorram dentro de suas células.
  2. Genética - Algumas pessoas nascem com um alto risco herdado geneticamente de um câncer específico (“predisposição genética”). Isso não significa que o desenvolvimento de câncer seja garantido, mas uma predisposição genética aumenta a probabilidade da doença. Por exemplo, mulheres que carregam uma mutação nos genes BRCA 1 e BRCA 2 têm uma maior predisposição para desenvolver câncer de mama. No entanto, menos de 5% de todo o câncer de mama é conhecido por ser devido a estes genes. Portanto, embora as mulheres com um desses genes tenham uma probabilidade individual maior de desenvolver câncer de mama, a maioria dos casos não é causada por uma falha genética herdada de alto risco. Isto é verdade para outros tipos de câncer comuns em que algumas pessoas têm predisposição genética; por exemplo, câncer de cólon - explicou Brandão.
  3. O sistema imunológico - As pessoas com o sistema imunológico enfraquecido correm mais risco de desenvolver alguns tipos de câncer. Isso inclui pessoas que tiveram transplantes de órgãos e tomam medicamentos para suprimir seu sistema imunológico para interromper a rejeição de órgãos, além de pessoas que têm HIV ou outras condições médicas que prejudicam de forma crônica a imunidade.