Cinco chás bons para a saúde do cérebro

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a demência ou transtorno neurocognitivo maior, doença crônica ou progressiva que gera um desgaste da função cognitiva, atinge cerca de 55 milhões de pessoas no mundo todo, podendo chegar a 150 milhões em 2050. A OMS ainda indica que entre 60% e 70% dos casos de demência são na verdade doença de Alzheimer. As duas doenças podem ser causadas por inúmeros fatores, sendo um deles a genética, que é não modificável. Mas há 12 fatores de risco modificáveis, que podem prevenir até 40% dos casos, segundo estudo publicado ano passado na The Lancet. Entre eles, hipertensão, obesidade e diabetes. A atividade física e a alimentação são fundamentais para evitar essas três doenças crônicas não transmissíveis. Pensando nisso, o Eu Atleta preparou, com o apoio das nutricionistas Luciana Harfenist e Cris Moraes, uma lista de chás naturais que podem ajudar na boa saúde do cérebro.

Hábitos saudáveis que podem ajudar a prevenir essas condições:

• Praticar exercícios físicos com regularidade;
• Não fumar;
• Beber moderadamente;
• Dormir de seis a nove horas por noite;
• Manter o IMC (Índice de Massa Corporal) abaixo de 30;
• Ter uma dieta baseada em frutas e vegetais, com menos carnes processadas e grãos refinados.

Os chás não são remédio e tratamento para demência e Alzheimer. Mas podem contribuir como parte de uma estratégia ampla, que inclui uma série de mudanças nos hábitos de vida. No entanto, um nutricionista deve ser consultado para adequar doses e ervas para cada caso.

3 chás à base da camellia sinensis

Epigalhocatequina-3-galhate (EGCG) é um polifenol natural do chá verde que é extraído da camellia sinensis, planta a partir da qual o chá verde é feito. As catequinas possuem uma forte ação antioxidante, levando a uma redução na inflamação cerebral, inibição de placas celulares comuns da doença de Alzheimer e uma manutenção saudável dos vasos sanguíneos.

EGCG pode ajudar a impedir que as proteínas precursoras da proteína beta-amilóide se dividam em proteínas menores, chamadas de beta-amiloides, que aparecem no cérebro de pacientes com Alzheimer.

1. Chá Branco

O chá branco é feito com os brotos e as folhas mais novas da Camellia Sinensis, colhidos antes da florada. Eles não passam por processos de fermentação e por isso têm menor quantidade de cafeína.

Como fazer: adicione duas colheres de sopa da erva em um litro de água fervente, abafe a mistura por cinco minutos e coe. Consuma duas vezes ao dia.

Pode ser consumido através das folhas, em pó ou em cápsulas.

2. Chá verde

O chá verde também vem da Camellia Sinensis e passa por uma leve fermentação, por isso tem um pouco mais de cafeína do que o chá branco. Além disso, é feito com folhas um pouco mais velhas da Camellia sinensis.

Como fazer: adicione duas colheres de sopa da erva em um litro de água fervente, abafe a mistura por cinco minutos e coe. Consuma duas vezes ao dia.

Pode ser consumido através das folhas, em pó ou em cápsulas.

3. Chá Preto

O chá preto é aquele que fica mais tempo fermentando, feito com folhas mais velhas da planta Camellia Sinensis. Por isso ele tem uma grande concentração de cafeína.

Como fazer: adicione duas colheres de sopa da erva em um litro de água fervente, abafe a mistura por cinco minutos e coe. Consuma duas vezes ao dia.

Pode ser consumido através das folhas, em pó ou em cápsulas.

4. Chá de cúrcuma ou açafrão

Oferece efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, melhorando as funções cognitivas, reduzindo danos oxidativos, diminuindo a inflamação nas células microgliais cerebrais.

Os compostos curcuminoides e bisdemetoxicurcumina, presentes no rizoma da Cúrcuma longa L, atuam no controle e liberação da proteína beta-amiloide. Esta proteína induz o estresse oxidativo e favorece a deterioração neural observada na doença de Alzheimer. Há, portanto, ação neuroprotetora a partir dos efeitos antiamiloidogênico, anti-inflamatório, antioxidante e quelante, o que faz da curcumina um fitoquímico bastante atraente como potencial terapêutica para a doença.

Como fazer: infusão de cúrcuma, colocando uma colher de café de pó de cúrcuma em 150 ml de água fervente e deixe repousar por cerca de 10 a 15 minutos. Beber três xícaras de chá ao dia.

Cápsulas de cúrcuma (curcumina + pimenta preta)

5. Chá de Ginkgo Biloba

O extrato de Ginkgo biloba L. contém glicosídeos de ginkgoflavonas e terpenoides, cuja ação combinada promove redução da viscosidade do sangue e vasodilatação e reduz a densidade de radicais livres de oxigênio nos tecidos nervosos. Deste modo, acontece sua ação preventiva quanto à neurotoxicidade da proteína beta-amiloide, além de proteger os tecidos nervosos contra lesão oxidativa e de diminuir o processo de neurodegeneração.

Como fazer: para consumir em forma de chá, coloque duas colheres de folhas secas em um litro de água fervente e deixe repousar por 10 minutos.

Chás extras

Segundo a nutricionista Cris Moraes, ainda existem algumas especiarias e ervas que também colaboram no processo, tais como:

Canela, cravo, alecrim, sálvia – Ricos em polifenóis com propriedades antioxidantes, equilibram o estresse oxidativo das células causado pelo excesso de radicais livres. E quanto menos radicais livres, menos inflamação e células mais protegidas.

Gengibre – Contém gingerol, um polifenol com ação antioxidante e neuroprotetora. Diminui o acúmulo de placas beta-amiloides e minimiza a ação da acetilcolinesterase, enzima responsável pela degradação da acetilcolina.

Como preparar os chás:

Se forem folhas ou flores: método de infusão. Aqueça a água até ferver. Desligue o fogo e adicione a água às ervas. Abafe por três a cinco minutos. Coe e está pronto.

Se forem cascas ou raízes: método de decocção. Aqueça a água até ferver. Abaixe o fogo e acrescente as raízes ou cascas, tampe a panela e deixe por cerca de sete minutos. Coe e está pronto.

Quanto tomar por dia:

Uso seguro de chá de uma maneira geral: 1 a 2 g da planta até três vezes ao dia.

Fontes:
Luciana Harfenist é nutricionista, especialista em nutrição funcional e ortomolecular.
Cris Moraes é farmacêutica e nutricionista. Pesquisadora em fitoterapia e atuante em performance mental.