06/09/2021 - Por: G1 - Globo.com EU ATLETA

Mais de 47 mil brasileiros são internados, todo ano, com problemas de saúde causados pela poluição atmosférica advinda de incêndios florestais. Esta é a conclusão de um estudo inédito conduzido por pesquisadores da Escola de Saúde Pública e Preventiva da Monash University, em Melbourne, na Austrália. Eles levantaram dados sobre o efeito das queimadas na saúde dos brasileiros. Os resultados foram publicados no The Lancet Planetary Health.

Segundo os cientistas, só em 2020, os incêndios florestais no Brasil aumentaram 12,7%. Este ano, 260 grandes incêndios foram detectados na Amazônia, devastando mais de 105 mil hectares (260 mil acres), área do tamanho de Los Angeles, na Califórnia. Mais de 75% deles ocorreram na Amazônia brasileira, em áreas onde as árvores foram cortadas para dar espaço à agricultura, apesar da proibição do governo brasileiro de queimadas ao ar livre.

A pesquisa analisou mais de 143 milhões de hospitalizações, de 1.814 municípios, cobrindo 80% da população brasileira, durante 16 anos. A exposição ao material particulado da fumaça dos incêndios, mesmo que por pouco tempo, pode desencadear asma, ataque cardíaco, derrame, diminuição da função pulmonar e morte. As regiões mais afetadas são a Norte, Sul e Centro-Oeste. O Nordeste apresenta as taxas mais baixas.

Apesar de a maioria dos incêndios florestais ocorrer em áreas remotas do Brasil, a fumaça tóxica das queimadas na região amazônica pode subir de 2.000 a 2.500 km na atmosfera e viajar grandes distâncias, ameaçando pessoas a milhares de quilômetros.

E como isso impacta quem faz exercícios? Segundo artigo do European Heart Journal de julho desse ano, os benefícios conseguidos com a prática de exercícios em termos de redução de mortalidade por doenças cardiovasculares podem se transformar em aumento de risco se os treinamentos forem feitos em regiões com muita poluição atmosférica.

O artigo chama a atenção para a necessidade de que os atletas tenham sempre informação sobre as condições do ar, para que não sofram os efeitos nocivos da poluição e aumentem seu risco cardíaco.

Os autores conseguiram determinar que praticar exercícios em regiões onde o teor de material particulado no ar é elevado, mesmo em doses baixas, pode trazer aumento de risco cardiovascular. Portanto, quem pratica exercícios ao ar livre, além da temperatura, umidade e nível de radiação ultravioleta deve também estar ligado na qualidade do ar em sua região antes de sair para treinar.