18/02/2020 - Por: G1

Imagem microscópica do novo coronavírus 2019 n-CoV (Foto: NIAID-RML/APP)

Uma análise dos dados oficiais da China divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira (17) mostra que a maioria dos casos confirmados de coronavírus é leve (80,9%), sem pneumonia ou com pneumonia branda. Todos os pacientes que morreram desenvolveram a versão mais grave da Covid-19, doença causada pelo vírus, que atingiu menos de 5% dos infectados.

O estudo confirma os indícios apresentados por outros cientistas: a maior taxa de mortalidade (14,8% dos infectados) está entre as pessoas com mais de 80 anos. Pacientes com outras doenças, principalmente as cardiovasculares, também têm uma chance maior de ter a versão crítica da Covid-19.

Classificação:

  • Casos leves: sem pneumonia ou pneumonia branda – sem mortes e 80,9% dos registros
  • Casos severos: falta de ar, mudança na frequência respiratória, saturação de oxigênio no sangue, infiltração pulmonar, síndrome respiratória aguda – sem mortes e 13,8% dos registros
  • Casos críticos: insuficiência respiratória, choque séptico, falência múltipla dos órgãos – 1.023 mortes (100%) e 4,7% das infecções.

Foram coletadas as informações da epidemia na China até 11 de fevereiro, incluindo os casos confirmados naquele dia. A taxa geral de mortalidade se firmou como 2,3%, mas, além dos idosos com mais de 80 anos, pacientes com outras doenças têm uma probabilidade maior de desenvolver a versão mais crítica.

Entre os infectados pelo 2019 n-CoV, 51,4% eram homens, que têm uma taxa de mortalidade maior do que a média, calculada em 2,8%. Já no caso das mulheres, o índice está abaixo: 1,7% não resistiram ao vírus. Fazendeiros e trabalhadores foram os profissionais mais afetados (22%). A maioria entre os 44 mil casos confirmados (85,8%) relatou exposição ao vírus na cidade de Wuhan, onde o primeiro caso foi detectado.

A taxa de mortalidade do coronavírus é menor que a de outros vírus da mesma família, como Sars e Mers. Ela está também abaixo de outras síndromes respiratórias, como o vírus Influenza no Brasil. No caso do H1N1, no ano passado, a média de idade era de 55 anos, e 72% apresentavam algum fator de risco, como outras doenças prévias.

Análise da propagação

Os cientistas chineses dizem que a epidemia é "mista", com duas fases de disseminação - uma transmissão contínua no final de 2019 e uma propagação maior em 2020. Em dezembro, apenas 22 casos passaram a apresentar sintomas. O pico ocorreu em 1º de fevereiro e, desde então, a doença tem apresentado uma redução nas mortes.

"Esta tendência mista do tempo de surto é consistente com a teoria de que vários eventos tenham ocorrido no Mercado de Frutos do Mar em Wuhan, e que eles tenham permitido que o 2019 n-CoV fosse transmitido de um animal ainda desconhecido para os seres humanos e, devido às altas taxas de mutação e recombinação, ele se adaptou para se tornar capaz, em seguida, de uma transmissão eficiente entre humanos", analisam os pesquisadores.

No dia 13 de fevereiro, data posterior ao período de dados analisado pelo estudo, o governo chinês mudou a metodologia de identificação de casos confirmados. Com isso, o número passou de 44,5 mil para 59,8 mil, um aumento de 33,87% nos infectados pela doença. Este deverá ser o segundo pico da doença, influenciado por esta nova definição.