07/11/2019 - Por: G1

Células do vírus HIV (viriões), em imagem microscópica produzida em 2011 (Foto: Maure, Tom Hodge/CDC/AP/Arquivoeen Metcalf)

Pesquisadoras dos Estados Unidos identificaram pela primeira vez um novo subtipo do vírus do HIV-1, causador da Aids. O "subtipo L" foi apresentado nesta quarta-feira (6) em estudo publicado na revista "Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes".

A mutação identificada pelas cientistas ocorreu na versão mais comum da doença, os vírus HIV do Grupo M, encontrado em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 37,9 milhões de pessoas vivem com o vírus HIV.

A descoberta foi feita a partir do sequenciamento genético de três pacientes, com amostras coletadas desde os anos 80. As cientistas defenderam que este avanço poderá facilitar a identificação de possíveis pandemias e até mesmo antecipar as ações de combate às infecções.

"Em um mundo tão conectado, nós não podemos mais pensar que os vírus fiquem restritos a certas regiões", disse em nota Carole McArthur, uma das autoras do estudo. A professora da Universidade do Missouri, EUA, sustentou que a descoberta prepara os cientistas para enfrentar possíveis mutações do vírus e tem potencial para pôr fim à pandemia do HIV.

Diferentes grupos

O novo "subtipo L", que foi identificado pelas cientistas, é uma das variações do grupo majoritário do vírus HIV. O vetor da infecção responsável pela Aids é dividido em quatro grupos, com seus subtipos. Veja abaixo quais os grupos identificados deste vírus.

Grupo M: Majoritário, vírus deste grupo são responsáveis pela maioria das infecções por HIV do mundo. Ao todo, acolhe 13 subtipos, entre eles o L.

Grupo N: É o grupo menos comum. Vírus deste tipo foram encontrados apenas em pacientes de Camarões.

Grupo O: Encontrado inicialmente no oeste e centro do continente africano, já se espalhou globalmente.

Grupo P:
Vírus deste grupo já foram encontrados em Camarões e na França. Cientistas dizem que há potencial de se espalhar globalmente.

Um novo tipo

A pesquisadora Mary Rodgers, quem também assinou o estudo, alertou para os riscos relacionados à migração do vírus por conta do deslocamento humano. Para esta pesquisadora da farmacêutica Abbot, a descoberta vai facilitar o desenvolvimento outras pesquisas voltadas ao diagnóstico e tratamento da Aids.

De acordo com as cientistas, o vírus do HIV não é um "agente infeccioso estático" , isso quer dizer que ele sofre mutações e está "em constante evolução". A investigação avaliou amostras retiradas de três pacientes da República Democrática do Congo (RDC) durante três décadas.

A publicação esclareceu que para a identificação de um novo subtipo, o procedimento padrão é encontrar a reincidência em ao menos três casos. As amostras consideradas pela pesquisa foram coletadas nos anos 1980, 1990 e em 2001.

"Identificar novos vírus como este aqui é como buscar uma agulha em um palheiro", disse Rodgers. "Com o avanço da tecnologia, a partir do sequenciamento mais moderno, é como se buscássemos esta agulha com um imã. Essa descoberta vai ajudar a interromper novas pandemias."