22/05/2019 - Por: Fiocruz

“O diabetes mellitus (DM) é uma doença onerosa, de ocorrência frequente e incidência crescente em todo o mundo e, de acordo com cálculos estimados para 2015 pela Internacional Diabetes Federation (IDF), a sua prevalência foi 415 milhões, ou 8,8% da população mundial”. Essa questão é tema de um artigo da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), que avaliou os fatores associados à qualidade de vida de brasileiros e de diabéticos. As projeções para o ano de 2040 apontam que 642 milhões de pessoas (10,4%) terão DM, constituindo assim um problema de saúde pública em potencial, alerta o artigo.

O artigo “Fatores associados à qualidade de vida de brasileiros e de diabéticos: evidências de um inquérito de base populacional”, publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva de março de 2019, traçou o perfil dos indivíduos no que tange aos fatores relacionados a? chance de uma melhor qualidade de vida, seja em uma amostra da população brasileira ou em portadores de DM, fornecendo subsídios para a atenção a? saúde. “Tal avaliação contribui para compreenderem-se determinados fatores presentes no cotidiano dos indivíduos em geral, e em particular dos diabéticos, que interferem no acompanhamento e na adesão ao tratamento do DM e, por vezes, estão encobertos nas relações familiares, profissionais e sociais”.

Segundo o artigo, o perfil de diabéticos que apresentaram maiores chances de uma pior Qualidade de Vida (QV) física e mental foram as mulheres, sedentárias, com 65 anos ou mais, pertencentes a classe D/E e com outras morbidades crônicas. “Para a população geral além desses fatores, não ter um companheiro e ser analfabeto proporcionou uma pior QV”.

No Brasil, conforme narra o artigo, dados recentes da Pesquisa Nacional em Saúde (PNS) de 2013 estimou a prevalência de DM em 6,2% dos participantes com 18 anos ou mais. De acordo com a IDF, o Brasil ocupa a quarta posição entre os países com o maior número de diabéticos, cerca de 14,3 milhões em 2015.

Para os autores do artigo, Ranailla Lima Bandeira dos Santos, Monica Rodrigues Campos e Luisa Sório Flor, o envelhecimento populacional, a crescente urbanização, o sedentarismo, as dietas hipercalóricas e a obesidade são os grandes fatores de risco responsáveis pelo aumento da prevalência de diabetes mellitus, configurando-o, como uma epidemia mundial. “Ao todo, 5 milhões de mortes por ano no mundo são determinadas por essa doença e suas complicações, representando 9% do total de mortes”.

De acordo com o artigo, diversos fatores podem influenciar a qualidade de vida dos diabéticos. Além disso, relatam os autores, quanto mais graves forem as complicações de um paciente com DM, pior tende a ser sua QV. Por esse motivo, eles ressaltam, torna-se fundamental a avaliação da QV das pessoas com diabetes mellitus, sendo necessária a identificação de fatores que interferem na QV, para que possam ser instituídas estratégias de cuidado específicas e efetivas na minimização ou prevenção do seu comprometimento.

O artigo informa que, em decorrência da elevada incidência e prevalência do diabetes mellitus e suas complicações crônicas, além de serem limitados os estudos de base populacional no Brasil que propõem investigar a prevalência de DM e medir simultaneamente QV, os resultados da pesquisa merecem destaque pois, além de originarem-se de um estudo de base populacional, possuem representatividade nacional.

Diabetes mellitus

O DM é definido como uma síndrome de etiologia múltipla e pode ser ocasionado pela falta de insulina e/ou incapacidade de a insulina exercer adequadamente suas funções. Quando não controlado, o DM pode levar ao desenvolvimento de complicações microvasculares, como retinopatia, nefropatia e neuropatia, e macrovasculares, como infarto agudo do miocárdio.