07/05/2019 - Por: ANAMT

A Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) avalia como um preocupante retrocesso a tentativa do Senado Federal de retomar o debate da liberação do amianto no Brasil. Há mais de 20 anos, a Associação defende o debate técnico acerca do banimento da substância, que já foi proibida em 65 países. O movimento do Senado, em consonância com empresas que produzem e exportam o amianto, ocorre menos de dois anos após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pelo banimento, em mais um episódio de uma longa batalha pela saúde dos trabalhadores.

Como associação que congrega Médicos do Trabalho e preza pelo aprimoramento científico da Medicina, a ANAMT reafirma que o debate sobre o amianto deve ser técnico – e não guiado pelo viés ideológico ou econômico. Todos os tipos de amianto são cancerígenos e podem causar inúmeras doenças graves, como asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma – além de câncer de laringe, do trato digestivo e de ovário, espessamento na pleura e diafragma, derrames pleurais, placas pleurais e severos distúrbios respiratórios. Apenas no Brasil, o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) registrou 2,4 mil óbitos entre 2000 e 2010 decorrentes da exposição ao material.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) também já se posicionou favorável ao banimento do mineral. A organização classificou o uso da fibra como uma catástrofe de saúde pública, responsável por mais de 100 mil mortes por ano em todo mundo. Estudos conduzidos pela OMS também reforçam que, ao contrário do que argumenta a indústria, não existem limites seguros para o uso do amianto.

A ANAMT, liderança importante neste assunto ao lado de outras associações, avalia como perigosa a tentativa de senadores e entidades ligadas à indústria da mineração de retomar seu uso. A partir da decisão do STF, o Brasil deu um passo à frente e colocou-se ao lado do conhecimento técnico e científico ao corroborar com o posicionamento da OMS. Nenhum suposto ganho econômico justifica a exposição de trabalhadores a uma substância de malefícios graves e incontestes à sua saúde.

Ao lado da Associação Médica do Brasil (AMB) e mais 50 entidades médicas, dizemos não ao amianto. E nos orgulhamos de ver a comunidade médica brasileira abraçar essa causa, que defendemos há tantos anos.